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Dizem que os cheiros nos trazem à
  memória momentos inesquecíveis da nossa vida?! sim.|  |  | Foto propriedade da autora do texto (À equipa do google, por favor
 não eliminem a foto)
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Parece que me estou vendo a correr por
  aquela bela mata de terra batida e enfeitada por belos medronheiros, por onde
  eu corria e saltitava, sempre com uma paragem num mini “jardim zoológico“ que
  ali existia… este belo mundo da minha infância era a bela mata da BNL 
E, lá ia eu, pela mão do senhor
  Comandante Marcos Vieira Garin, de cuja mulher minha mãe era amiga, e que
  ficavam longos momentos conversando, na “ Praia da Bomba”…ah! ainda me lembro
  daquele famoso dia em que entrei rio adentro toda vestidinha e de
  botifarras…foi memorável…e, o trabalho que eu dei à marinha!!  
 
Recordo a chegada da vedeta ao cais
  das colunas, que, generosamente, os senhores Comandantes Garin ou Flecha de Mendonça,
  mandava para vir buscar, a mim e à minha mãe… 
 
E fui crescendo…crescendo e, não
  querendo recuar demais, pois a estória é longa! 
 
Sou neta de “marujo”, que honrava como
  um “pai” o senhor Almirante Ramalho Ortigão e sua distinta mulher, a Dona Teresita…Sou
  prima de “marujos”…Sou filha de “marujo aviador”… 
 
E, acreditem! eu, que dizia não querer
  casar com nenhum “marujinho”, me apaixonei, nos apaixonámos…por um “reserva
  naval”. foi amor à primeira vista..acreditem!! 
 
Ficou na história da briosa…deu muito
  trabalho e choros, pois eu era aquela miúda, saída da faculdade, que, um dia,
  dia dos anos de minha amada mãe, 6 de fevereiro, se lembrou de abrir o
  jornal, e ao deparar com um anúncio para o Estado-Maior da Armada, resolveu
  ir ao Terreiro do Paço, candidatar-se…valeu-me o então Senhor Comandante Simões
  de Teles que, achando graça aquela figura de “pequenota”, me acolheu e, me
  arranjou professores para que eu pudesse saber todas as matérias necessárias
  para o ingresso na Armada… 
 
E, lá entrei para a Marinha…meu pai
  chorou de emoção e alegria…era mais uma na família de “marujos”… 
 
Ora, estando eu por ali há uns meses,
  e, almoçando na famosa messe dos Oficiais, forrada a casca de ovos, numa mesa
  super protetora, cujos oficiais, agora com Deus, jamais esquecerei, e, que
  tão bem tomavam conta de mim, a pedido da família…sim, porque naquela época
  não havia mulheres na marinha, por ali existia uma meia dúzia de distintas
  senhoras… 
 
Assim, encontrava sempre à mesma hora
  um garboso jovem oficial da Reserva Naval, que, certamente, e, por vontade de
  Deus, me “catrapiscou”…e, eu a ele!! …sejamos sinceros!! 
 
Mas este namoro deu muito trabalho aos
  apaixonados e, ao Senhor Almirante Soares Branco, que, com todo o carinho, me
  chamou para saber ao pormenor o porquê daquela paixão tão espontânea e que,
  levou a que o Senhor Almirante tivesse que autorizar o casamento por três
  vezes…Eu não tinha pressa, mas o rapaz sim...Assim, lá casámos…com todas as bênçãos
  e carinho da nobre Armada…e, a vida continuou. 
 
Nasceu a minha filha que, aos 4 anos
  foi iniciada no mundo da briosa, o falecido e muito amigo senhor Comandante
  Correia Gonçalves, que, já tinha sido um dos meus protetores na mesa de
  almoço…assim, a gaiata e seus pais foram conhecer o mundo da revista, no
  Parque Mayer, e, todos os seus meandros… estava vacinada…a marinha ficara-lhe
  no seu pequeno coração.. 
 
E, agora, penso:-como seria bom ter um
  neto “marujo”!!! Gostava…e muito  
 
A vida continuou por entre aqueles
  saudosos corredores do então Ministério da Marinha. Não conseguirei mencionar
  todos os distintos oficiais, sargentos, praças e civis que tanto me ensinaram,
  protegeram e mimaram…seria exaustivo! Mas, tenho de recordar com muito
  carinho o Ilustre Senhor Comandante Abel de Oliveira…um humano e distinto
  chefe… 
 
Recordo também com muita saudade, o
  senhor Almirante Sousa Leitão que, sempre com a sua nobreza de carácter, me
  honrava com as suas sempre inteligentes e ponderadas palavras… 
 
Os anos foram passando, e, estando na Comissão de Direito Marítimo Internacional, tive o luxo de ser chefiada pelo
  senhor Almirante Machado e Moura e pelo muito amigo senhor Comandante Chuquere,
  alma nobre da briosa….foi um percurso lindo, pois ali conheci e convivi com
  distintas figuras da Marinha, que ainda hoje tenho, reconhecidamente, no coração.  
 
 Recordo os Senhores Comandantes Serra Brandão, Soeiro de Brito, Estácio dos Reis
  e, tantos outros que me ensinaram a caminhar pela vida fora…. 
 
Surge então o convite para ir para a Comissão
  Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. longa etapa da
  minha vida, de momentos únicos e inolvidáveis…sempre com distintos oficias da
  Marinha ali trabalhei. recordo o Senhor Comandante Rodrigues da Costa oficial
  dinâmico e amigo. sempre com espírito de amizade e colaboração..recordo o Senhor Comandante Leonel Cardoso e, as suas
  exposições….recordo…recordo… 
 
Mas a etapa que me deixou indeléveis
  marcas, foi aquela em que estive trabalhando com o *M I, Senhor Comandante
  Soeiro de Brito, a quem peço autorização, para aqui dizer, que, sempre ele a
  sua distinta Senhora, me consideraram da família. 
 
Trabalhei muito, chefiei, assessorei….fui
  à expo em Sevilha, tantas tarefas que foram feitas com carinho, com amor…mas,
  valeu a pena…ali ficou parte da minha alma…. 
 
Não posso esquecer o Ilustre Senhor
  Doutor Vasco Graça Moura, que sempre teve a generosidade de ser meu amigo,
  nos bons e maus momentos da minha vida! 
 
Passados quinze anos regresso à minha
  amada Marinha…e, mais uma vez, Deus lembrou-se de mim….fui recebida com muito
  carinho e generosidade…e, assim fiquei, não gosto de o dizer..a encaminhar a
  parte administrativa e, a assessorar o *M I e humano Senhor Almirante Leitão
  Rodrigues. Alma boa, alma generosa, que, com sua distinta mulher, sempre me
  apoiou nos momentos tristes que surgiram na minha vida. A doença de meu
  marido. Dói ver quem amamos sofrer…mas, ao entrar no gabinete, as lágrimas,
  quase sempre ficavam lá fora…era tempo de faina…havia que trabalhar… 
 
Passando à reserva o muito estimado
  Senhor Almirante, surge um outro distinto chefe, o Senhor Almirante Vilas
  Boas Tavares, com quem gostei muito de trabalhar …era no duro, mas eu gosto
  assim…sentia-me realizada…Naquele gabinete havia momentos para tudo… para uma
  palavra de apoio nos momentos mais frágeis da minha vida…e, logo se partia
  para um árduo trabalho… 
 
A minha vida estava levando um rude
  golpe…a degradação física do meu marido, devido à “Parkinson”. Homem
  inteligente, sempre com o cérebro a funcionar em pleno, pois conseguia dar
  pareceres, como Engenheiro que era, até à hora em que partiu para junto de Deus. 
 
Assim, para que pudesse estar a seu
  lado, a Marinha facultou a minha saída, que devo, reconhecidamente, agradecer
  ao senhor Almirante Vilas Boas Tavares. E, a despedida deu-se…despedida física,
  pois a Marinha ficará na minha alma “ad eternum…”com todo o carinho. 
 
Fui condecorada, publicamente, pelo
  Senhor Almirante José Augusto Vilas Boas Tavares, na Força de Fuzileiros, momento
  inolvidável, em que um misto de alegria e tristeza pairou no meu coração. Palavras
  de apreço, que jamais esquecerei, e, que o Senhor Almirante teve a
  generosidade de me dirigir…trocaram-se discretamente lágrimas…com a presença
  da minha filha, genro ( Coronel Comando) e de meu amado neto, minha força de
  viver! 
Mas, o que eu jamais esperaria!?? Os
  meus amigos Fuzileiros, ofereceram-me alguns símbolos da sua arma, para que
  não esquecesse aquele momento e aquele histórico local, pedindo-me que os
  colocasse junto à condecoração, o que fiz com todo o respeito e, muito
  carinho. 
 
Assim, amigos…entendem como a minha
  amada “briosa” faz e fará sempre parte desta minha já longa vida?! 
Obrigada, meu Deus….por me teres
  traçado este nobre caminho, que, faria de novo, e, com o mesmo amor pela casa
  que me viu nascer…crescer… e ser “mulher”. |